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  • Segunda-feira, 10 de janeiro de 2005



    tsunami


    O monstro sem mênstruo menstrua

    E a onda outeiro ao navio

    na vaga navega o estaleiro

    Weider Weise


    Tsunami: Vem do japonês e quer dizer “Onda Estaleiro”.

    É o nome das ondas que são formadas por maremotos, abalos sísmicos, etc, como a ocorrida há pouco na Indonésia. Escrevemos esse poema, comovidos por essa tragédia.

    A fragilidade da vida é topoi (lugar comum) da produção literária de todas as épocas.

    A catarsis ocorrida quando a morte é enfrentada na ficção é intensificada quando a ameaça de morte é marítima, dada a grandeza do paradigma do mar: O mar possui efeito assustador e fascinante, pois é o mar ao mesmo tempo fonte de alimentos, de riqueza, fonte de vasta flora e fauna, urdidor das mais longínquas nações e o mais imprevisível e arrebatador elemento do planeta.

    Desde os poemas épicos (tanto na Ilíada como na Odisséia há episódios em que o herói enfrenta o mar revolto e sobrevive), na bíblia (O Dilúvio de Noé, Jonas e a baleia, a travessia do mar revolto que Jesus fez acalmar, o naufrágio de Paulo, etc). O mar é a metáfora da imprevisibilidade da única certeza da vida: a morte. Sabemos que morreremos, mas não quando. Imprevisível como o mar.

    Nesse poema, explicamos a formação do tsunami.

    O monstro é uma alusão aos monstros japoneses que vêm do mar, tipo Godzilla.

    O monstro sem mênstruo menstrua é uma alusão à erupção vulcânica, a montanha derretida que explode, gerando o desequilíbrio. Mênstruo quer dizer regra. Não há regra, não se sabe quando haverá terremoto, as ações vulcânicas são imprevisíveis como a morte o é. Mais uma alusão à imprevisibilidade da única certeza da vida: a morte.

    Após a explosão, se forma uma onda do tamanho de um outeiro (montanha) que faz o estaleiro ir até o barco.

    Aqui duas idéias: A primeira que o estaleiro é o cemitério, é o fim da vida (talvez para um novo começo, como em algumas culturas e crenças), como é o estaleiro. Segundo que não é o barco que vai ao estaleiro, mas a onda que leva o estaleiro ao barco. Dando uma idéia da violência da onda. A ordem inversa dos elementos da frase é para ressaltar esse sentido e o da bagunça que se forma no revolver das águas furiosas do tsunami. O estaleiro fica no costa do mar, região que é destruída na ação do tsunami.

    Uma brincadeira artística: na vaga navega o estaleiro. Vaga quer dizer onda e o som repetitivo forma o efeito visual e sonoro da onda. E é uma paronomásia da tradução de tsunami – “onda estaleiro” ou “vaga estaleiro”.

    Perceba que o ritmo do segundo e do terceiro versos formam uma alusão ao movimento do tsunami e a sua extensão.

    O navio é a metáfora da vida. Pode flutuar por um tempo, mas um dia (não se pode saber quando) afunda.

    Weider Weise