COLUNAS:


por Weider Weise



por Thiago Andrada



por Andréa Martins



por Wilton Carvalho



por Rodrigo Leme




ARQUIVOS:

  • novembro 2004
  • dezembro 2004
  • janeiro 2005
  • fevereiro 2005
  • março 2005
  • maio 2005
  • junho 2005
  • julho 2005
  • agosto 2005
  • fevereiro 2006







  • Segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

    Espantalho

    Ao poeta cabe reinar,

    ............................... rimar,

    ....................................... remar mar adentro.

    Estrela oriente das gentes,

    Vênus no espelho avesso,

    prenha serpente.

    Expoente poente do escândalo

    de
    ....pendente
    ..................
    pêndulo:

    .................................Ora santo

    ....................................
    ora devasso esteio,

    ........................
    alheio

    ............ao dano

    alheio.


    Ora as orações suas com a língua nos seios,

    profeta do verbo não vindo, adivinho, festejo,
    cata-e-espalha-vento

    alastrando o espanto nos quatro cantos da mente.



    Catarse da Vontade,


    ............................
    arte do inverso

    ..................................................do adormecimento.


    Ao poeta cabe devagar

    ............................derivar,

    .....................................
    velejar no verso,

    ...........................................................no dorso

    .......................................................................
    do

    vento.


    Weider Weise


    Poema metapoético sobre a figura do Poeta, fazedor de espanto.

    CATA-E-ESPALHA-VENTO: Ezra Pound, grande poeta americano e um dos maiores críticos literários de todos os tempos certa feita escreveu que o POETA É A ANTENA DA RAÇA. Recebe e remete sinais de e para a sociedade em que vive. Esse sentido está perfeitamente representado pelo poeta que Cata o vento e o espalha.

    Catarse: Efeito causado no cérebro para proporcionar um equilíbrio. Recurso utilizado já pelos aedos (poetas gregos) para causar PAVOR, AMOR, COMOÇÃO, SURPRESA ou ALEGRIA em grande intensidade na massa espectadora.

    VONTADE: Segundo o filósofo Shopenhauer, o que nos diferencia das coisas em-si é termos a VONTADE. É ela que nos move no tempo e no espaço. Como o SER é VONTADE, então a VIDA É SOFRIMENTO. Pois a VONTADE não cessa e enquanto não saciada, machuca, a vida é dor, viver é a constância da dor. ASSIM A FELICIDADE É O ADORMECER DA DOR.

    ARTE DO INVERSO: O Poeta subverte o uso das palavras criando sentidos muitas vezes inversos (em versos).

    DO ADORMECIMENTO: Fazer a dor adormecer.

    O VERSO É AMBÍGUO e pode ser lido que o POETA LIDA COM A ARTE DE ADORMECER A DOR ou que ao contrário, o POETA COM SUA ARTE DESPERTA A INQUIETAÇÃO, A DOR.

    DEVAGAR DERIVAR: Nau a deriva, sem controle aparente, mas devagar, com prudência. Metáfora para a inspiração que guia o POETA no seu ofício.

    VELEJAR NO VERSO: É onde o poeta faz-se nau a deriva. Navegar, afinal de contas, é preciso. NO VERSO também pode ser no outro lado da folha, sentido reforçado por NO DORSO.

    NO DORSO DO VENTO: O DORSO DO VENTO é uma referência a RESULTANTE DA FORÇA do VENTO sobre as VELAS. O VENTO APARENTEMENTE EMPURRA O BARCO, mas a sensação é que ele PUXA o BARCO ADIANTE. ASSIM. No dorso do vento é como se estivesse montado no vento, nas costas do vento, no verso do vento, essas idéias se unem semanticamente através de paronomasias. Toda voz é vento. A poesia é para ser lida em voz alta.

    Haveria outras 20 considerações sobre o poema, mas deixemos o leitor se divertir um pouco.

    A beleza é a busca no mistério: o mistério esconde em si o belo.


    Weider Weise