Espantalho
Ao poeta cabe reinar,
............................... rimar,
....................................... remar mar adentro.
Estrela oriente das gentes,
Vênus no espelho avesso,
prenha serpente.
Expoente poente do escândalo
de
....pendente
.................. pêndulo:
.................................Ora santo
....................................ora devasso esteio,
........................alheio
............ao dano
alheio.
Ora as orações suas com a língua nos seios,
profeta do verbo não vindo, adivinho, festejo,
cata-e-espalha-vento
alastrando o espanto nos quatro cantos da mente.
Catarse da Vontade,
............................arte do inverso
..................................................do adormecimento.
Ao poeta cabe devagar
............................derivar,
.....................................velejar no verso,
...........................................................no dorso
....................................................................... do
vento.
Weider Weise
Poema metapoético sobre a figura do Poeta, fazedor de espanto.
Catarse: Efeito causado no cérebro para proporcionar um equilíbrio. Recurso utilizado já pelos aedos (poetas gregos) para causar PAVOR, AMOR, COMOÇÃO, SURPRESA ou ALEGRIA em grande intensidade na massa espectadora.
VONTADE: Segundo o filósofo Shopenhauer, o que nos diferencia das coisas em-si é termos a VONTADE. É ela que nos move no tempo e no espaço. Como o SER é VONTADE, então a VIDA É SOFRIMENTO. Pois a VONTADE não cessa e enquanto não saciada, machuca, a vida é dor, viver é a constância da dor. ASSIM A FELICIDADE É O ADORMECER DA DOR.
ARTE DO INVERSO: O Poeta subverte o uso das palavras criando sentidos muitas vezes inversos (em versos).
DO ADORMECIMENTO: Fazer a dor adormecer.
O VERSO É AMBÍGUO e pode ser lido que o POETA LIDA COM A ARTE DE ADORMECER A DOR ou que ao contrário, o POETA COM SUA ARTE DESPERTA A INQUIETAÇÃO, A DOR.
DEVAGAR DERIVAR: Nau a deriva, sem controle aparente, mas devagar, com prudência. Metáfora para a inspiração que guia o POETA no seu ofício.
VELEJAR NO VERSO: É onde o poeta faz-se nau a deriva. Navegar, afinal de contas, é preciso. NO VERSO também pode ser no outro lado da folha, sentido reforçado por NO DORSO.
NO DORSO DO VENTO: O DORSO DO VENTO é uma referência a RESULTANTE DA FORÇA do VENTO sobre as VELAS. O VENTO APARENTEMENTE EMPURRA O BARCO, mas a sensação é que ele PUXA o BARCO ADIANTE. ASSIM. No dorso do vento é como se estivesse montado no vento, nas costas do vento, no verso do vento, essas idéias se unem semanticamente através de paronomasias. Toda voz é vento. A poesia é para ser lida em voz alta.
Haveria outras 20 considerações sobre o poema, mas deixemos o leitor se divertir um pouco.
A beleza é a busca no mistério: o mistério esconde em si o belo.
Weider Weise
