Segunda-feira, 21 de março de 2005
Agora
Agora é o momento
entre o que (se) foi
e o que será.
Agora é o instante
de escolher
por qual estrada caminhar.
Agora é um vaso vazio
Dêitico, idêntico ao nós
que eu e você não soubemos guardar.
Agora se rompe
o caminho
em
tantos
que a suspeita aperta o peito.
Não esqueço teus encantos.
(nem)
agora entendo o meu defeito.
Agora,
Agora é o instante
De curar a ferida de antes
E o medo do depois.
...................r....d
O medo de ac........itar
.....................e
Que não somos mais dois
Agora.
Weider Weise
O poema possui elementos concretistas e recursos poéticos interessantes.
Eis alguns:
1) A repetição da palavra Agora. A cada nova palavra o Agora, dêitico que depende do referencial do enunciador, de quem fala, para determinar que agora é esse. Cada novo agora referencia a um novo momento na linha temporal em relação de quem fala. O assunto é complexo, mas vale a leitura do texto "Da subjetividade da linguagem" de Benveniste. Para
compreender os versos sobre "Agora é um vaso vazio, dêitico idêntico ao nós...". Nós também é um dêitico. Dêiticos são palavras que só fazem sentido se pudermos referenciá-las tomando o enunciador como base. Assim o meu "AQUI" se refere ao lugar onde "EU" estou e o "AQUI" de quem ouve é outro, é o meu "Lá". Mas o meu "Lá" é o "AQUI" de quem ouve, e etc.
2) "...o que (se) foi/ e o que virá". O "se" entre parêntesis sugere que nem sempre ele é efetuado no discurso. Assim pode ser lido "o que foi e o que virá" como "o que se foi e o que virá". O "se" se foi da frase, ele é o que se foi. A forma de expressão condiz com o conteúdo expresso.
3) "Agora se rompe..." quando o verso diz que o caminho se rompe, o verso se rompe em outros versos. Novamente o plano da expressão em sintonia com o conteúdo.
4) O jogo CONCRETISTA das sílabas que permite escrever a palavra ACEITAR e ACREDITAR. Se pode acreditar, mas não aceitar. Se pode aceitar, mas não "acreditar". Se pode os dóis. O poema permite essas diversas leituras por manter desconhecido. O eu-lírico denota um MEDO DO DESCONHECIDO. O MEDO DE ACEITAR, ACREDITAR. Novamente o plano de expressão e o de conteúdos são coerentes.
Eis alguns:
1) A repetição da palavra Agora. A cada nova palavra o Agora, dêitico que depende do referencial do enunciador, de quem fala, para determinar que agora é esse. Cada novo agora referencia a um novo momento na linha temporal em relação de quem fala. O assunto é complexo, mas vale a leitura do texto "Da subjetividade da linguagem" de Benveniste. Para
compreender os versos sobre "Agora é um vaso vazio, dêitico idêntico ao nós...". Nós também é um dêitico. Dêiticos são palavras que só fazem sentido se pudermos referenciá-las tomando o enunciador como base. Assim o meu "AQUI" se refere ao lugar onde "EU" estou e o "AQUI" de quem ouve é outro, é o meu "Lá". Mas o meu "Lá" é o "AQUI" de quem ouve, e etc.
2) "...o que (se) foi/ e o que virá". O "se" entre parêntesis sugere que nem sempre ele é efetuado no discurso. Assim pode ser lido "o que foi e o que virá" como "o que se foi e o que virá". O "se" se foi da frase, ele é o que se foi. A forma de expressão condiz com o conteúdo expresso.
3) "Agora se rompe..." quando o verso diz que o caminho se rompe, o verso se rompe em outros versos. Novamente o plano da expressão em sintonia com o conteúdo.
4) O jogo CONCRETISTA das sílabas que permite escrever a palavra ACEITAR e ACREDITAR. Se pode acreditar, mas não aceitar. Se pode aceitar, mas não "acreditar". Se pode os dóis. O poema permite essas diversas leituras por manter desconhecido. O eu-lírico denota um MEDO DO DESCONHECIDO. O MEDO DE ACEITAR, ACREDITAR. Novamente o plano de expressão e o de conteúdos são coerentes.