Segunda-feira, 08 de agosto de 2005
Amiga
Para V.L
Amiga,
A liga
Unindo-me a você
É de uma delicada grandeza:
Essência da muralha e da porcelana chinesa.
A viga,
Amiga,
Que nos sustenta de pé,
É esse seu tapete mágico:
O gosto do belo, turismo autofágico.
Amiga,
Abriga
Abriga
Sua vida a minha. Sigam
As duas urdidas, como o prazer
Da maçã verde e da mordida.
Weider Weise
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Poema escrito em homenagem à brilhante V.L.
Sempre achei de mau gosto a ridícula expressão de que mulher, ou é bonita, ou inteligente.
(Embora tenha lá a sua razão de existir...)
Todavia, este poema é para alguém que, com certeza, não é apenas um rostinho bonito na multidão. É uma mulher inteligente e emocional. Sensível e vencedora. Bonita e inteligente. Frágil e resistente. E a melhor imagem que me ocorreu para descrevê-la é a de ser algo entre a muralha da China e uma porcela chinesa.
O gosto do belo - turismo autofágico: tem um mundo de significações aqui: o gosto pela cultura, pelo produzir e consumir artístico, pela vaidade - narcisismo intelectual, etc...
A inteligência dessa amiga é um desses achados decanais na vida de uma pessoa. O poeta no poema quer que essa amizade persista urdida, ligada, como o prazer que sente a mordida (ao morder a mação) e o da maçã ao ser mordida. Esse prazer só existe quando estão ligadas a mordida e a maçã.
